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Da porteira para fora (16p) – Jornal Tribuna Liberal – 17/09/2017 – Padrão Monetário 2.

Ouro, Ouro, …Ouro?

Quantos de nós já não escutamos esse chamamento, mas quantos de nós brasileiros vimos de frente um ser humano, ou nosso governo brasileiro ser beneficiado por tê-lo encontrado?

Portugal mamou no ouro do Brasil desde o século XVI e o ouro o conduziu a um estado falido. Depois deste período colonial como num passe de mágica surgiu por aqui o ouro de Serra Pelada. O primeiro volume de ouro supostamente resolveria os problemas de Lisboa, o segundo de Brasília e justamente na década de 1980, a década perdida quando devíamos muito, fruto do nosso mau planejamento para suportar a 1ª e a 2ª crise do petróleo. Além disso, o ouro estava num estado brasileiro que necessitava de desenvolvimento – o Pará. E ouro a céu aberto!  Estava no chão, é só pegar, que tal? Sim, temos diversos sindicatos por lá defendendo seus cooperados.

Serra Pelada
Garimpeiros na Serra Pelada

O Dr Zero Cost recomenda: esqueçam o ouro, mirem nos processos, na tecnologia, nas novas tendências de mercado, na indústria 4.0, na profissionalização de seu time, na educação continuada, e convicção nas escolhas de nossos dirigentes. Só assim, o Brasil sairá deste imbróglio (2017). Se interessar veja a matriz SWOT-PEST no blog do Dr Zero Cost em ferramentas para um 1º passo rumo ao planejamento estratégico.

O Dr Zero Cost recomenda: o filme Os Trapalhões na Serra Pelada, não, não é um filme governamental, é da trupe Os Trapalhões ”historicamente, a extração começou com um pequeno sitiante que, ao cavar um pé de bananeira, encontrou uma estranha pedra e, ao mostrá-la em um bar, espalhou-se a notícia de se tratar de ouro. Em duas semanas, já tinha garimpeiros do Brasil inteiro. A festa durou cerca de oito semanas, quando a União, finalmente, interveio na área. Áreas de lavra e garimpeiros foram registrados pela Receita Federal, e todo ouro encontrado deveria ser vendido à Caixa Econômica Federal”. Esta área era de concessão da empresa Vale, mas houve quebra de contrato e em 1984 a Vale recebeu indenização de 59 milhões de dólares estadunidenses pela perda da concessão da mina por quebra de contrato”. Somos um País que não quebra contratos, é o que os políticos dizem na Globo, mas às vezes ocorre!

E o ouro preto?

O Dr Zero Cost recomenda a leitura do livro: Cultura Opulência do Brasil de André João Antonil, um trecho; ”Quanto às qualidades diversas do ouro, sabe-se que o ouro, a quem chamam preto, por ter na superfície uma cor semelhante à do aço, antes de ir ao fogo, provando-se com o dente logo aparece amarelo, vivo, gemado, e é o mais fino, porque chega quase a vinte e três quilates; e quando se lhe põe o cunho, na fundição, faz gretas na barreta, como se arrebentasse de todas as partes; e por dentro dá tais reflexos que parecem raios do Sol. O do ribeirão a mais miúdo e mais polme, e compete na bondade com o ouro preto, porque chega a vinte e dois quilates. O ouro do ribeirão de Bento Rodrigues, posto que seja mais grosso e palpável, e bem amarelo, contudo não tem a perfeição do ouro preto e do ouro do ribeirão, mas, quando muito, chega a vinte quilates. O ouro do ribeirão do Campo, e do ribeirão de Nossa Senhora do Monteserrate, é grosso, e muito amarelo, e tem vinte e um quilates e meio. O Ouro do rio das Velhas é finíssimo e chega a vinte e dois quilates. O Ouro, finalmente, do ribeirão de Itatiaia é da cor branca, como a prata, por não estar ainda bem formado, como dissemos acima, e deste se faz pouco caso, posto que alguns digam que, indo ao fogo às vezes por mais formado, foi mostrando a cor amarela”. É! O bom é o ouro preto! À época da extração e repasse ao reino de Portugal o Brasil produziu muito ouro mas vale mencionar que com a descoberta de ouro na Califórnia (1848 – 1855, em Sutter´s Mill) perdeu-se o interesse pelo ouro brasileiro.

A destruição de o padrão de câmbio-ouro, por quê?

Então, tivemos o padrão-ouro que implodiu com a I Guerra Mundial e na sequência o padrão de câmbio-ouro que implodiu em 1931, o sr. Bernad Gazier, escreve: “Havia 29 mil bancos nos Estados Unidos em 1921, e apenas 12 mil bancos em finais de março de 1933, resultado de um pânico nacional que levara o novo presidente, Roosevelt, a fechar temporariamente todos os estabelecimentos bancários (Bank Holiday) ”. E depois tivemos a Conferência de Bretton Woods em 1944 e definiu-se o dólar como moeda forte, e única moeda conversível ao ouro. E depois o sr. Nixon terminou com a conversibilidade do dólar em 1971, e cá estamos nós em 2017.

O descompasso entre as moedas no entre-guerras levou ao ditado: cada um para si, Deus para todos. A economia não é uma ciência exata, depende do comportamento do ser humano. Os países criaram barreiras alfandegárias, voltaram-se para o nacionalismo exacerbado, e as empresas estatais injetaram recursos na economia para reativá-la buscando gerar empregos.

Em 1930 os dados coletados nos EUA sobre sua população, como renda, etc.. não eram precisos e ali detectou-se a necessidade de fazê-lo – diante da crise. Aqui nos interessamos pelo tema 20 anos mais tarde, normal! De posse de dados, é possível transformá-lo em informações e essas informações em políticas de governo. Aqui nasce o New Deal (novo acordo ou novo trato 1933 – 1937) do presidente Roosevelt. E como a preocupação americana estava do outro lado do mundo: os russos, e eles já possuíam por lá os planos quinquenais, ou seja, começaram as comparações para averiguar qual regime iria sair vitorioso lá na frente, capitalismo ou comunismo? Qual o mais eficaz?

Na Europa estamos diante de um cenário de reconstrução pós I Guerra, e porque não dizer revanchismo, aqueles que perderam as guerras buscavam se recuperar e com o objetivo de ultrapassar tecnicamente os vencedores. No entanto, para recuperar uma economia que está no chão, com altíssimos índices de desemprego, instabilidade monetária, etc.. é preciso uma mão forte, governos que mostrem uma direção e que todos remem juntos, condições ideais para o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha se desenvolverem.

Por aqui na Terra Brasilis, temos o sr. Vargas, um ditador nacionalista e populista, os recursos minerais recebem o domínio do Estado. Cópia da maioria dos governos afora, rumo ao nacionalismo exacerbado que irá conduzir os países a novos conflitos, e fazer ruir o status quo.

Portanto, o Estado manda e o povo obedece, tanto na Europa como no Brasil, e até hoje (2017) temos esse ranço. Um estado patrimonialista. Na era de o sr. Juscelino deu-se início ao período conhecido como: desenvolvimentista, embora ele buscasse desenvolver diversos segmentos da economia houve um desprezo pela agricultura e pela ferrovia. Mas, houve a instalação de um parque industrial nas décadas de 1930 e 1950. Na sequência dos governos ou desgovernos de o sr. Jânio Quadros e de o sr. João Goulart nossa economia entra em queda e se desorganiza forçando os militares a saírem dos quartéis.

Na economia é fundamental discutirmos qual o melhor modelo para o Brasil. Essas discussões já foram mais férteis no passado, exemplo, Eugênio Gudin versus Roberto Simonsen, e venceu o mais forte politicamente, infelizmente. Qual o melhor modelo econômico para Brasil a partir de 2018? O que você responderia: protecionismo, ou abertura de mercado?

E, Bretton Woods?

O sr. Eugênio Gudin foi delegado brasileiro e participou da Conferência Monetária Internacional, em Bretton Woods – EUA. Nesta Conferência decidiu-se pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD). O sr. Eugênio foi ministro da Fazenda e tentou uma fórmula por muitos defensável nos dias atuais (2017), o período como ministro foi de 7 meses 1954 – 1955, ou seja, corte das despesas públicas, contenção da expansão monetária e do crédito, facilitação dos investimentos estrangeiros, IR – Imposto de Renda na fonte (ele é o responsável por essa lei), nada muito diferente do que muitos economistas apregoam em 2017. O sr. Juscelino Kubitschek se apoderou desta política para implantar por aqui a indústria automobilística. Um erro!

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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