Artigos Publicados na Mídia Impressa

Da porteira para fora (21p) – Jornal Tribuna Liberal – 22/10/2017 – Padrão Monetário 7.

Bretton Woods.

O Hotel Mount Washington, em Bretton Woods, New Hampshire, local da histórica Conferência de 1944

Sim, o acordo de Bretton Woods no finalzinho da II Guerra Mundial foi muito importante. O prof. Leandro Karnal escreveu: “Mesmo antes do fim do conflito, os EUA planejaram uma ordem econômica pós-guerra, na qual o país poderia conquistar novos mercados e expandir oportunidades por meio de investimento estrangeiros sem restrições ao fluxo de capital e bens”.  Os EUA adotaram a política do desenvolvimento através de investimentos nos países arrasados pela II Guerra, e através da dependência financeira miravam alcançar a dominação do capitalismo, enquanto a URSS partiu para a dominação ideológica através da força.

É isso aí, planejamento, e em tempos de guerra. Os americanos do Norte já enxergavam longe, não queriam saber de restrições ao seu capital e queriam explorar outros mercados sem ser pela guerra. E ele continua: “Em 1944, negociações entre Inglaterra e EUA culminara na fundação do Sistema Bretton Woods para manejar a economia internacional. Incluíram o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituído em 1945 para regular trocas financeiras internacionais sob o dólar americano, e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (hoje, Banco Mundial), para promover investimentos estrangeiros e a reconstrução de economias destruídas pela guerra. O grande poder econômico e político dos EUA, depois da guerra, fez com que essas duas instituições mantivessem os interesses econômicos americanos em primeiro plano e pelas quatro décadas seguintes”.

Pois é, aí vem o sr. Donald Trump e diz que o mundo e os parceiros não estão respeitando os direitos americanos e que a América será forte outa vez. Que tal?

E o FMI?

Quanto ao FMI – Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial em 2017, na reunião anual de cúpula realizada em Washington o foco foi a recuperação do mercado global. E neste aspecto vale relembrar algumas frases da Diretora-gerente do Fundo a sra. Christine Lagarde, ela afirmou pontos dignos de nota e bons para o Brasil, vamos lá: “Mas a retomada da economia mundial não está completa” isso devido ao fato que 47 países estão com seus respectivos PIBs em queda. “Defendemos como primeira prioridade assegurar a recuperação da economia mundial”. “Não é tempo para ser complacente e é preciso adotar políticas para crescimento sustentável”. “Há potencial de riscos de apertos em mercados financeiros e que podem gerar fuga de capitais”. “Precisamos assegurar expansão de comércio mundial para ajudar a economia global”. “Acordos comerciais devem sempre ter mudanças para facilitar o comércio de países”. “Controles de riscos financeiros na China serão bem-vindo”. “..espera que o Brexit seja concluído com rapidez para reduzir incertezas”.  Pois é, essa política é antagônica ao que ocorreu no entre guerras e gerou a II Guerra Mundial, precisamos mesmo de povos que atuem de modo coeso e uníssono, que o comércio internacional seja incrementado e que as diferenças sociais entre as nações sejam diminuídas. O Planeta Terra não é nada diante do universo, é preciso união dos humanos para galgarmos estágios superiores de tecnologia e desenvolvimento.

O Banco Central Brasileiro.

O Brasil possui um Banco Central que além de outras atividades controla a quantidade de moedas que entram e saem do País. Funciona mais ou menos assim, se você compra algo no exterior, irá precisar de dólares, primeiro você paga o Banco Central em reais, fechando o câmbio, e na sequência o Banco Central paga seu fornecedor no exterior em dólares. A princípio esse modelo deveria funcionar sem tropeços. Os dólares que estão armazenados no Banco Central são provenientes da operação reversa, ou seja, se você exporta, o Banco Central irá receber os dólares do importador de fora e pagar aqui o exportador em reais.

Agora, se o Brasil, mais importa do que exporta, o Banco Central terá que emprestar dólares para pagar fornecedores, mas, se o mercado estiver estável, e os dólares estiverem disponíveis no exterior não haverá grandes problemas.

Então, qual é o problema?

Como temos visto, não somos confiáveis, já em inúmeras vezes deixamos de cumprir compromissos, então quem está do outro lado da fronteira emprestando exige mais garantias e maiores juros.

Vamos citar episódios marcantes, por exemplo, em 1973 com na 1ª crise do petróleo, o Brasil grande importador desse produto ficou com um déficit em dólares, e pior como os dólares estavam escassos, os juros em dólares subiram, resultado: dívida externa.

Como não aprendemos com nossos erros, em 1979 veio um novo choque nos preços para os barris de petróleo e a dívida estourou. Consequência, se já estávamos mal das pernas, ficamos também mal dos braços e da cabeça. Resultado, fomos arrumar a casa lá na frente, em 1994! É mole?

Obviamente economistas ou mesmo historiadores irão criticar o Dr Zero Cost, crises não são frutos de um único evento. É verdade, mas sempre há a cereja do bolo, aquela que caracteriza a crise. Os fatos decorrentes de mau planejamento deixam uma conta para ser paga e as pessoas pobres que vivem nesses países sempre sofrem mais e não foi diferente para a América Latina no caso das crises do petróleo, desembocando numa dívida externa enorme, onde o primeiro a implodir foi o México em 1982 através da declaração da moratória para a dívida externa. Ou seja: Não tenho como pagar: sorry. E aí é aquele Bumba-Meu-Boi, alta do desemprego, queda da renda, volta do dragão da inflação.

Muitos países buscaram nacionalizar alguns produtos importados e miraram na exportação para fazer caixa, e muitos criticam o governo militar nesta fase, por quê? Porque eles poderiam ter substituído em grande parte o petróleo em 1973, e estarem melhores preparados para a nova porrada de 1979.  Essas estratégias eram na sua maioria acompanhadas pelo FMI – Fundo Monetário Internacional guardião da ordem econômica mundial, e nem sempre suas recomendações deram certo. A função do FMI era e é basicamente prover auxílio aos países que por alguma razão estejam com as contas externas em dificuldades.

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

Comente

Comente

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Arquivo

RICCOL Sistemas

Pular para a barra de ferramentas