Se qualquer um pode (desde que tenha mais de 35 anos, seja brasileiro, eleitor, tenha moradia em território nacional e esteja pleno de suas capacidades mentais), então eu quero ser Presidente do Brasil. Ok, é preciso estar filiado a um partido político, mas essa parte está fácil, temos mais de 40 e continuamos crescendo.
Desde já discorro sobre minhas habilidades: Nunca exerci um cargo político, sou formado em Exatas há 40 anos, fiz dois MBAs e não terminei um terceiro, trabalho duro desde abril de 1975 (tanto aqui no Brasil, como passei uma temporada na Escandinávia e outro período rodando pela América do Sul). Outro atributo: em viagens internacionais não precisarei de tradutor, não tenho pretensões de ficar rico com a política e, antes de deixar esta nave, quero deixar algo de positivo para o meu país.
Que tal? Terei milhões de votos em 2018?
Não acredito. talvez minha mãe e mais um ou outro amigo mais próximo. E, sinceramente, eu não votaria em mim. Explico porque:
Esse meu perfil acima indica um tipo de pessoa, uma trajetória (mesmo que vitoriosa) de um perfil que pouco conhece o Brasil.
Eu nunca estive numa favela, não sei o tipo de música que toca lá, somente leio ou escuto no Jornal Nacional sobre balas perdidas e não tenho nenhum parente próximo que tenha sido assassinado. Apesar de conhecer algumas dezenas de países, nunca estive na Amazônia, em Rondônia, Amapá, Acre e não faço idéia de como seja o cotidiano dessas pessoas, suas dores.
Leio muito sobre as agruras do SUS, mas nunca dependi de um posto de saúde, até agora. Estudei em faculdades de primeira linha (por exemplo: FGV). Como posso entender alguém que não passa do ensino básico e depende de remédios que nunca chegam a um posto de saúde?
Ter conhecimento não significa ter experiência. Não tenho experiência sobre a fome, não tenho experiência sobre a carência nas suas mais variadas facetas, desde afetiva até de feijão com arroz! Não tenho experiência em administração pública. Não tenho experiência em tratar com gente de diversas classes sociais.
Não, eu não votaria em mim. Votaria…
Em um trabalhador?
Votar num expoente da classe trabalhadora; alguém que sofreu o que eu não sofri; alguém que irá defender sua classe, fazer greves, paralisar rodovias, queimar pneus, exigir aumentos descabidos do salário mínimo sem respaldo no caixa; Baixar na canetada a conta de energia elétrica, a conta do gás, a passagem do transporte público; e quem paga essa diferença? Como seria bom, se ao chegar ao cargo de Presidente da República do Brasil, pudéssemos decretar: agora, o litro do leite passará a 1 centavo. Assinado: Presidente do Brasil.
Em um empresário?
Também não posso votar num empresário de sucesso. Sabe-se lá como ele chegou a esse “sucesso”. Provavelmente terei maiores chances de entender os discursos rebuscados que sua equipe escreverá, mas ele defenderá o capital, o lucro e o ganho maximizado, o que não fará bem a saúde debilitada do paciente Brasil.
Em um sem terra?
O Brasil é continental e terras devem ser ocupadas, que tal colocar na presidência o número 1 do MST? Já que compartilhar será o verbo a ser conjugado pelas novas gerações, que não desejam ter, mas experimentar, que tal? Esse pessoal não respeita a propriedade privada e vive de doações. Se não temos os que produzem, como podem viver aqueles que vivem de doações? E esse negócio de dar um pedaço de terra para o fulano e entender que a partir dali ele irá sobreviver, como assim? Um lote de terra não possui valia se não for investido nele muita tecnologia para gerar produtos com preços competitivos. Experimente criar uma galinha em casa e quando ela estiver pronta para o abate, veja quanto ela lhe custou e quanto está o quilo de frango limpo no supermercado?
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Vamos lá no planalto Dr Zero Coast !!!
Vamos!!