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Da porteira para fora (94) – Jornal Tribuna Liberal de 17/03/2019 – “Houston, we have a problem.”

Vamos começar pela estratégia. Estratégia, sua empresa possui uma? Quantos livros sobre estratégia empresarial já foram escritos? Centenas, milhares!!! Quantas formulações sobre estratégia estão a nossa disposição? Centenas, milhares!!!

Então, por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 1: Falta de conhecimento da maioria.

Essa não é uma boa resposta, a sociedade atual oferece diversos canais para que os empresários e os funcionários se instruam, coletem informações, mesmo o governo possui incentivos a custo zero, exemplo, SEBRAE. É verdade, sair da zona de conforto exige pensar, estudar, ler, interagir, praticar, ou seja, sacrifício. E, isso nem todos estão dispostos a fazer.

Por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 2: Falta de tempo.

Talvez. No entanto, vale lembrar que não podemos confundir pessoa ocupada com pessoa produtiva. Suponha que o empresário possua uma fabriqueta “fundo de quintal” e por alguma razão ele foi contemplado com a visita de um gringo especializado em produção. O que irá ocorrer? Simples, antes que ele mostre sua linha de produção o tal gringo irá visualizar dezenas de gargalos e soluções que poderiam ser implementadas com o objetivo de incrementar a produtividade. Isso sem que o ocupado visitado pronuncie uma única palavra.

Por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 3. Falta de bagagem, musculatura empresarial.

Fomos criados a pão e circo, um ranço de décadas. Programas de auditório deixam seus apresentadores milionários e o povo inculto. Desse povo brotam os empresários, a maioria moldado pela prática e não leitura, brotam seus funcionários que em linhas gerais não praticam a educação continuada e o resultado é o já esperado, está aí. Como dizia Albert Einstein: “Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

Por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 4. Não temos liderança.

Uma empresa necessita de um excelente líder? Um país necessita de um excelente presidente? Uma orquestra necessita de um excelente maestro? A resposta para essas perguntas poderia ser: Talvez! Por quê? Porque se os integrantes de uma empresa, se os integrantes de um país e, se os integrantes de uma orquestra são xucros não basta um excelente líder, ou um excelente presidente, ou um excelente maestro.

Coloque o Pep Guardiola para treinar o time dos “Papa Canelas” da cidade de Fins Terra, eles podem melhorar, mas nunca chegarão a “Champions League”. Um maestro medíocre com excelentes músicos com certeza obterá melhores resultados do que um excelente maestro com músicos medíocres. Portanto, a solução da equação depende não somente do líder como do time. Por tal, não basta apostar e acreditar no presidente e não fazer a nossa parte.

Por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 5: Não acreditam na história passada.

Essa resposta além de atualizada com o mundo velozmente mutante de hoje, exige reflexão. Sabemos que alguns estudiosos solicitam ou mesmo instruem os líderes para que descontruam o passado, evoluam do modelo comando e controle para o compartilhamento e convencimento de ideias. Então, devemos desprezar o passado? A resposta é: Depende. Digamos que o caixa da empresa está sadio, o líder poderá se dar ao luxo de desprezar o passado e testar novas ideias. Quais? Aquelas que aparecem para ele através dos sinais fracos que o mercado sinaliza. Se o caixa está negativo, cuidado, recomenda-se caldo de galinha e paciência.

Por que somente poucos empresários se valem desses ensinamentos sobre estratégia para conduzirem suas empresas?

Resposta 6: O custo da mão de obra no Brasil é baixo comparado com países desenvolvidos, logo, somos competitivos. Essa é nossa melhor estratégia e ponto.

Vejamos um exemplo que está aí nos jornais;

1. Quando terminou a II Guerra Mundial os salários dos brasileiros eram fortunas se comparados com os salários de japoneses e alemães. Os japoneses logo descobriram esse fato e começaram a produzir através do trabalho semiescravo ganhando mercado. Estamos no final de 1945.

2. Conseguindo mercado, automaticamente vende-se mais, entra mais recursos no caixa, as boas cabeças são disputas a tapa, e os salários aumentam. O que fez a indústria japonesa? Migrou para a flexibilização. Ou seja, uma mesma linha de produção fabricava diversos tipos de veículos a um custo competitivo atendendo clientes cada vez mais exigentes. Os fabricantes se aproximaram dos fornecedores com a frase “Estamos Juntos.

3. As empresas se copiam e ser flexível deixa de ser uma vantagem competitiva. Então, os japoneses, migraram para o controle de tempos, quanto menor o tempo, mais baixo é o custo. As fabricas filmavam os movimentos dos funcionários, analisavam quadro a quadro e otimizavam cada detalhe. Sempre imagino uma sala de cirurgia adotando essa técnica, quantas vidas poderiam ser salvas? Uma sala de cirurgia é uma caixa preta que um dia deverá ser aberta.

4. E, hoje, 2019, os japoneses investem na tecnologia e substituem o homem pelo robô. No Brasil temos 11 robôs para cada 10.000 habitantes, enquanto no Japão temos 305 e, advinha se irá crescer?

Nossos salários são baixos, e daí? Daí, mesmo sendo baixos não temos como pagar em 2019 aposentadorias de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais) por mês, continuamos discutindo temas como; O presidente possui ou não um filho fora do casamento? As escolas deveriam ter 8 (oito) banheiros para abrigar todas os gêneros sem invadir as respectivas privacidades dos alunos? Devemos ter um feriado para não nos esquecermos do 7 x 1 com o objetivo de refletirmos sobre a estrutura do nosso futebol? Etc. É verdade, nossos salários são baixos. Só não sei onde chegaremos com essa estratégia da década de quarenta.

A frase correta inicial proferida na missão Apollo 13 foi: “Okay, Houston, we’ve had a problem here”, de qualquer maneira a outra frase popularizada no filme Apollo 13, “Houston, We have a problem”, nunca foi tão atual para o Brasil em 2019. (Continua na próxima semana).

 

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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