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Da porteira para fora (191) – Jornal Tribuna Liberal de 24/01/2021 – Foco.

Suponhamos o seguinte cenário, você e sua namorada Maria juntamente com outros dois casais decidem passar o final de semana prolongado em Ubatuba.

Lá estão vocês cantarolando e conversando alegremente a caminho da pousada quando nuvens turvas aparecem nos céus, uma garoa fina e fraca dessas que parecem não querer ir embora assume a posição de sétimo participante do grupo.

Lá chegando, a chuva é forte, alguns pontos da cidade estão alagados e Ubatuba faz jus ao nome Ubachuva, ou seja, não haverá trégua nos próximos quatros dias, quiçá semanas.

Acomodados no hall do hotel, jogando conversa fora, um dos participantes do grupo pergunta:

-E, aí, o que faremos?

Outro responde:

-Vamos colher sugestões e votar secretamente. A opção que vencer….será executada.

Todos concordam.

Assim, foi feito e as opções coletadas foram:

(a)   Jogar cartas.

(b)   Jogar mímica (um jogo antigo de adivinhação).

(c)   Jogar gamão.

(d)   Ficar ali mesmo ao lado da lareira para se livrar da humidade.

(e)   Cada um se retirar para seus aposentos e escrever um conto macabro e depois se reunirem para burilar sobre cada conto.

Explicações necessárias;

(1)   Ninguém havia sugerido ver TV ou Netflix, pois essas facilidades não existiam.

(2)   A sugestão sobre contos macabros foi feita por você. Motivo: Você gosta de escrever e entendeu ser aquela uma oportunidade rara para fazer algo diferenciado.

(3)   Uma participante do grupo conhecida como Mary ou Maria cá pra nós se rebelou contra a opção (e), pois ela nunca escrevera nem mesmo cartas e agora, se a opção (e) vencesse lá estaria ela trancada no quarto sem saber o que fazer por longos dias chuvosos, e talvez, nuvens de poeira cinzentas.

(4)   Estamos no século XIX quando o mundo conhece a corrente contínua. O cerne da invenção foi substituir o trabalho realizado pelas máquinas a vapor e o gás utilizado na iluminação das casas. Experiências com animais foram feitas e muitos sapos estrebucharam nesse período, mesmo depois de mortos, ao serem submetidos a choques elétricos.

Lembremos que nesse período Alessandro Volta (1745 – 1827) inventou a pilha, até hoje nos lembramos dele quando nos referimos a 110 Volts ou 220 Volts. Hans Oersted (1777 – 1851) descobriu a relação entre energia e magnetismo, princípio para o funcionamento dos motores elétricos. Sabendo dessa experiência de Oersted o francês André-Marie Ampere (1775 – 1836) começa a formular a lei do eletromagnetismo, veja que até hoje nos lembramos dele, quem nunca pronunciou a palavra “ampere”? Para completar esse cenário de descobertas cientificas tivemos Michael Faraday (1791 – 1867) que conseguiu demonstrar o campo magnético circular. Enfim, para histórias macabras a ciência poderia contribuir ricamente aos nossos turistas de Ubachuva.

Sim, a opção (e) venceu. E, Mary teve enorme dificuldade para colocar algumas ideias esparsas no papel, mas como não havia verão e seu futuro marido incentivava essa jovem de apenas 19 anos a não tirar o foco da missão, ela prosseguiu em sua história de horror, cambaleando e lendo trechos de livros sobre fantasmas. A história não se concluía, mas que tal se sapos voltassem para a vida, e se um estudante trouxesse a vida uma criatura horrenda dando-lhe alguns choques elétricos? Nada mal!

Finalmente ela chegou lá, Mary Shelley escreveu o seu romance de nome Frankenstein. Suponho que se nem todos nossos leitores leram esse romance, todos conhecem essa história, muito provavelmente de filmes.

Sacando fora a tropicalização dada por mim no texto acima, o foco é o segredo para atingirmos objetivos em nossas empresas, muitas vezes impossíveis num primeiro momento.

Agora, faça o seguinte exercício; convoque separadamente 5 colaboradores de sua empresa de diferentes níveis e pergunte:

– Qual o foco de nossa empresa?

Anote as respostas e depois faça uma análise detalhada.

Se de alguma forma a palavra “cliente” não foi mencionada nas respostas desses 5 colaboradores. Cuidado!

Se as respostas foram míopes do tipo; nosso objetivo é vender utensílios domésticos, ou material de construção, ou jornais, ou revistas, ou lotes, ou automóveis, ou minério de ferro, ou petróleo, ou casas, ou roupas, ou sapatos,  ou seja lá o que sua empresa se propõe a vender. Cuidado!

Se você, como dirigente, não entendeu a mudança do jogo mercadológico.  Espere por maus tempos à frente, muita chuva.

 

  

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Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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