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Da porteira para fora (19p) – Jornal Tribuna Liberal – 08/10/2017 – Padrão Monetário 5.

Comércio Internacional.

Hoje (2017) evoluímos com muitas ressalvas no quesito comércio internacional, temos presenciado os países alinhavando acordos comerciais bilaterais, os americanos do Norte rompendo ou desejando renegociar acordos já firmados por entenderem que estão sendo prejudicados (política do isolacionismo do sr. Donald Trump), e a OMC – Organização Mundial do Comércio que busca regulamentar acordos multilaterais praticamente sem sucesso. Nesta onda o Embaixador brasileiro sr. Roberto Azevedo foi eleito para seu segundo mandato à frente da OMC, esse mandato de 4 anos iniciado em setembro de 2017.

Donald Trump
Donald Trump: “Os países que defendemos devem pagar os custos disso. Senão, os EUA devem se preparar para que os deixem se defender sozinhos. ” (Reuters)

A dança do comércio internacional não é das mais simples, o Brasil não pode se fechar, no entanto, ao mesmo tempo não pode se abrir totalmente, vejamos uma questão atual para que você leitor envie seu comentário para o Dr Zero Cost.

* O Brasil possui dimensões continentais, ou seja, o melhor transporte seria a ferrovia por uma série de razões defensáveis, mas insistimos no transporte rodoviário.

* O governo brasileiro deveria fechar 2017 com um déficit de R$ 139 bilhões de reais e o Congresso aprovou um novo déficit para R$ 159 bilhões de reais.

* Há hoje (2017) uma renúncia fiscal junto as montadoras da ordem de R$ 1,5 bilhão ao ano para o projeto Inovar-Auto, técnicos alegam que é preciso investir em Pesquisa e Desenvolvimento no setor, e por tal o governo deve abrir mão deste montante.

* Esse tipo de renúncia poderá criar uma saia justa ao Brasil junto a Organização Mundial do Comércio (OMC), sendo que a OMC já condenou no passado o programa Inovar-Auto.

Postas as premissas e o problema, qual sua opinião, o governo deve ou não assumir a renúncia fiscal, e por que? Deixe a resposta nos comentários abaixo.

Nacionalismo Exacerbado

O nacionalismo exacerbado irá conduzir alguns regimes mundo afora, esse nacionalismo irá incutir em alguns dirigentes que eles são os todos poderosos, onipresentes, os donos do mundo, mas até conseguir ser de fato donos do mundo é preciso ir anexando territórios, então, o que ocorreu? A II Guerra Mundial.

Há outros ingredientes, e escreve Voltaire Schilling: “O Declínio do espirito religioso, constante ao logo do século XIX e do XX, foi preenchido por uma nova e perigosa ideologia resultante do encontro do Nacionalismo com o Racismo do homem branco europeu. ….Deduziram que o perigo do marxismo (doutrina judaica para eles, e base ideológica da Revolução Bolchevique) só poderia ser exorcizado pela segregação e liquidação da comunidade judaica, dando-lhe então, nos começos dos anos 40, com a II Guerra Mundial em andamento, a intensa mobilização de vingança da extrema direita europeia. Desse modo, pelo empenho de Adolf Hitler, o Racismo e o Anticomunismo deram-se as mãos para executarem o Holocausto, tornando-o um dos maiores crimes da História e uma mancha irremovível na crônica da humanidade recente”.

Agora, vamos rever o discurso do presidente Michel Temer na 72ª Assembleia Geral da ONU em Nova York 19/09/2017:

Num dos trechos “Recusamos os nacionalismos exacerbados. Não acreditamos no protecionismo como saída para as dificuldades econômicas – dificuldades que demandam respostas efetivas para as causas profundas da exclusão social”. Ou seja, o tema do entre guerras não saiu da pauta. E seguiu: “Outro importante vetor do desenvolvimento é o comércio. Nosso engajamento é por um sistema de comércio internacional aberto e baseado em regras. Um sistema que tem por centro a OMC e seu mecanismo de solução de controvérsias”. E seguiu: “O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo”. Que assim seja, mas com planejamento inteligente!

Bretton Woods (Bretton Woods Agreement)?

Os encontros de Bretton Woods são várias conferências que em julho de 1944 definiram o Acordo de Bretton Woods para o comércio internacional. A II Guerra Mundial ainda não terminara, mas estava claro a necessidade de uma Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas.

No final da II Guerra, não significa no fim da II Guerra, ou seja, os países que participaram dessas reuniões na sua maioria estavam destroçados, exemplo, a França continuava ocupada pelas forças nazistas. Ou seja, como falar sobre política monetária se para alguns não havia almoço.

Os dois grandes lideraram as conversas, EUA e Inglaterra. Cada um com sua proposta, ou em outras palavras, Harry Dexter White (EUA) versus John Maynard Keynes (Inglaterra). A proposta de o sr. Keynes perdeu, no entanto, vale mencionar que ele considerava o controle de fluxo monetário de curto prazo fundamental para o equilíbrio das contas públicas dos países – as taxas de câmbio seriam fixas. A proposta de o sr. Harry Dexter mantinha o ouro como padrão, mas somente conectado ao dólar, numa relação fixa. As demais moedas se fixariam em relação ao dólar, e o dólar fixado a US$35 por onça de ouro.

Os EUA com o final da II Guerra desejavam enfraquecer o Japão, e a Alemanha, dando a eles um papel menor na economia mundial, de sorte que eles não pudessem mais se rebelar. A guerra fria irá mudar essa meta americana, pois, repelir o avanço soviético se tornaria prioridade, e, portanto, ter países fortes ao redor da URSS seria muito conveniente, desde que eles tivessem um regime capitalista. Essa nova política denominou-se Plano Marshall que ocorreu a partir de 1947. (É interessante observar o comportamento do ser humano, uma pessoa que se dedica na adolescência ao seminário da Igreja Ortodoxa Russa em Tbilisi – Georgia se tornaria um dos maiores assassinos da história da humanidade, o sr. Iosif Vissarionovich Djugashvili que posteriormente adotaria o pseudônimo de Stalin, tradução russa: feito de aço).

Esses países receberam injeções financeiras de os americanos do Norte e começaram a experimentar um ciclo de crescimento. O dólar permanecia fixo, e muitas moedas se desvalorizaram frente ao dólar, ou seja, o dólar perdia competitividade e somente haviam dois caminhos, ou as moedas se valorizavam frente ao dólar, ou o dólar se desvaloriza frente as demais moedas. Como os países não cederam a uma valorização frente ao dólar, o que na prática seria interessante para os americanos já que frente ao ouro nada ocorreria. O acordo não logrou êxito.

Esse Acordo de Betton Woods assinado nas primeiras semanas de julho de 1944 seguiu firme até os EUA romperem unilateralmente em 15 de agosto de 1971, terminando com a conversibilidade do dólar e ouro, episódio conhecido como Nixon Schock, e as moedas passaram a flutuar. Em outras palavras, o dólar se torna uma Moeda Fiduciária, ou seja, não-conversível, não possui lastro seja lá em ouro ou prata, não possui valor, o que vale é a confiança que as pessoas depositam no papel, ou no emissor do papel, você confia ou não confia. Simples assim!

O sr. Nixon neste pacote aumentou os impostos de importação forçando os aliados a acordarem política sobre a situação desfavorável americana, estabeleceu um controle sobre os preços das mercadorias, e sobre os salários.

Essa manobra americana, de emitir dólar sem lastro, tornou o dólar uma moeda universal, circulação sem precedentes, e provavelmente propiciou um ganho muito grande para os EUA.

Aqui abrimos espaço para que outras moedas se tornem tão confiáveis quanto o dólar, ou até superior. A moeda inglesa já teve seu período, o euro da União Europeia vem demonstrando fissuras apesar do bloco ser economicamente importante, mas temos outros atores nesta janela, a China que com taxas de crescimento acima de 6,0% ao ano deve alcançar os EUA proximamente e porque não o ultrapassar, todo império um dia irá cair.

(Continua na próxima semana).

(Leia o artigo anterior)


Você também pode ler essa coluna diretamente no Jornal Tribuna Liberal, clicando aqui.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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