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Da porteira para fora (283) – Jornal Tribuna Liberal de 30/10/2022 – Novos contratos sociais!

Cidadãos são pautados pelo contrato social. Mas, qual contrato social? Lembremos

: -em 1762, as propostas de Rousseau em “Do contrato social” idealizavam um Estado social sem corrupção e o povo detendo o poder. Para a época essas ideias foram contraditórias aos costumes morais e religiosos (Jean-Jacques Rousseau).

Rousseau documentou muitas ideias que provavelmente permeiam somente a mente dos acadêmicos, não há aplicações práticas, contudo o contrato social garantindo os direitos de todos os cidadãos está aí; condena a escravidão, a corrupção, nomeia o povo para escolher seu representante, respeita os interesses gerais que devem beneficiar a sociedade e o governante é submisso a uma constituição. Vamos lembrar que mandava na França, o rei.

Rousseau não defendia a democracia em todas as esferas, ele apontava a democracia, a aristocracia e a monarquia como opções. Ele sugere que dependendo do tamanho do Estado deve-se adequá-lo ao melhor regime. Essa conclusão é interessante, pois, como é possível governar Estados gigantesco oferecendo liberdade para todos? Sim, é bonito no “power point”, mas será que funciona na prática? Perguntemos aos chineses!

O contrato social está na base da Revolução Francesa e nós somos filhos dela. O contrato social estabelece limites para os conflitos e deve preceder a formação do Estado e do governo, primeiro se decide o contrato social e depois como é que iremos nomear os mandantes. Será que seria importante uma disciplina nas escolas sobre a Constituição Brasileira onde é regido o princípio das organizações políticas, o direito à propriedade, os direitos e os deveres de cada indivíduo? A liberdade civil depende das leis estabelecidas no contrato social onde está escrito os deveres e obrigações de cada cidadão, todos devem se submeter a vontade geral. O contrato social de Rousseau separa juridicamente o que é público daquilo que é privado. Não há dúvidas que essas ideias derrubariam qualquer monarquia de seu tempo. Mas, vejamos, passados quase 300 anos essas ideias podem parecer simples, mas observemos que o povo estava diante de uma crise, então, concluímos:- É na crise que as coisas mudam.

Lembremos as causas da Revolução Francesa, naquela época a igreja não pagava impostos. Que, coisa, incrível, não é mesmo? A França estava endividada. Puxa! E, o povo passava fome, vejam vocês, que situação inimaginável! Ahh, esses franceses!

O rei até tentou reunir as partes descontentes e não deu em nada, óbvio, a burguesia também não pagava impostos e um acordo onde as partes não cedem normalmente não dão certo. Vide a Ucrânia de hoje. Ninguém renunciava a seus direitos e aí temos a Assembleia Constituinte e a simbólica Queda da Bastilha que até hoje é o baluarte para o fim do absolutismo francês, 1789.

Na sequência tivemos a declaração dos direitos do homem e do cidadão. (Adotada em seu princípio antes de 14 de julho de 1789, ela ocasiona a elaboração de inúmeros projetos. Após debates, os deputados votam o texto final em 26 de agosto de 1789, são 17 artigos referentes ao indivíduo e à Nação). Observemos que a palavra indivíduo está aí presente. Será que precisamos de um ou novos contratos sociais? Precisamos rever alguns pontos? Sim, na nossa opinião.

O Estado naquela época foi separado do clero, mas, hoje, no Brasil temos “padres” candidatos. Ou é padre ou é candidato! Não é? Pois, é! E, candidatos se apossando das religiões! Não é? Pois, é! Será essa uma questão bizantina?  Ou, o bem era público ou era privado, mas nós inventamos o acionista privado do bem público sabedores que o conflito de interesses é intrínseco, vide Petrobrás. Ou, como se sentar na cadeira principal do Banco do Brasil e definir os objetivos da empresa? A quem servir? Ao povo ou ao acionista?

O rei francês foi julgado e guilhotinado em 1793.  Os girondinos (burgueses), o time da Direita governou a França logo após a Revolução. E, os opositores? O time da Esquerda, os jacobinos. Esses, lutavam por tudo quanto é tipo de reformas, voto livre, eram a favor da ideologia “guilhotina neles” para resolver as diferenças.

Em 1793 os girondinos perdem o poder para os jacobinos (a Direita perde o lugar para a Esquerda, acontecerá isso hoje 30/10/2022?). Alternância histórica. Os jacobinos instituem o voto universal, que maravilha, em contrapartida! Pois é, nem tudo são rosas, os partidos possuem defeitos. Todos que são contra a Revolução Francesa são perseguidos e mortos, Robespierre é o pai dessa matança.  Esse é um filme que vai e volta na Netflix. Então, os jacobinos (a Esquerda) começam a perder apoio e em 1794, ele, sim o mesmo Robespierre, é guilhotinado.

Em 1793 os girondinos perdem o poder para os jacobinos. Alternância histórica. Os jacobinos instituem o voto universal, que maravilha, em contrapartida! Pois é, nem tudo são rosas. Todos que são contra a Revolução Francesa são perseguidos e mortos, Robespierre é o pai dessa matança.  Esse é um filme que vai e volta na Netflix. Então, os jacobinos (a Esquerda) começam a perder apoio e em 1794, ele, sim o mesmo Robespierre, é guilhotinado.

Os girondinos (a Direita) voltam ao poder, e tudo caminha dentro da “normalidade” até 1799. Sim, porque, então, os militares decidem entrar nesse jogo e Napoleão Bonaparte toma o poder. Fim da revolução francesa. Para o Brasil, sempre defendi Napoleão. Por quê? Porque o rei português fujão com medo de Napoleão veio para as nossas praias tropicais paradisíacas e trouxe consigo além de uma nobreza questionável, o progresso, a abertura de nossos portos etc. Um salto quântico.

Mas, e o contrato social atual? Antes do contrato social de Rousseau, a vida era uma eterna disputa pela propriedade e por acumulação de riqueza. Será que mudou? O contrato social de Rousseau pressupõe que o indivíduo não pode celebrar o amor-próprio e agir irrestritamente para satisfazer suas necessidades em detrimento ao bem comum. As mulheres para Rousseau deveriam servir ao homem, a tecnologia era incipiente, não havia o trabalho flexível, Rousseau morreu velho com 66 anos, hoje, seria um menino. Pois é, o mundo mudou.

Então, temos o dilema:- Como juntar a liberdade e a igualdade? Há muito a ser lapidado no campo social. A sociedade moderna está diante de novos desafios, por exemplo, o meio ambiente, a privacidade, a segurança física e alimentar, mas ao invés de nos debruçarmos sobre as novas exigências, optamos pelo populismo e pela polarização. Ou seja, um legado maldito para as próximas gerações.

Alguns intelectuais defendem mudanças ou readaptações urgentes nos contratos sociais. Sem novas regras a polarização pendular errante dominará o nosso século XXI até cair a ficha ao custo altíssimo de muitas vidas, energia boa desperdiçada além de desdobramentos inimagináveis. Uma dessas intelectuais, Minouche Shafik, diz que países presidencialistas tendem a ter contratos sociais mais fracos em relação a países com sistemas políticos com representação proporcional no governo. Ou seja, no presidencialismo é mais simples se apossar das instituições.

Um bom começo seria um novo contrato social para as crianças de 0 a 7 anos, garantindo condições para que esses cérebros não sejam afetados por desnutrição, e partam de uma formação basal de ponta, afinal, o cérebro do brasileiro é o mesmo de um coreano do Sul ou de um alemão da Bavaria. Sem esses cuidados iniciais começamos a nos afastar dos desenvolvidos e ficamos discutindo a esgotosfera. O tema é urgente, urgentíssimo, será que os 156 milhões de brasileiros e brasileiras escolherão, hoje, o líder correto para capitanear esses novos contratos sociais? Data Vênia Máxima.

Dr Zero Cost

Dr Zero Cost por Ailton Vendramini, perfil realizador com formação na área de Engenharia, tendo trabalhado no Brasil e no exterior. Atualmente acionista em algumas empresas e foco em Mentoria & Consultoria para pequenas e médias empresas no segmento de Gestão/Vendas/Marketing/Estratégia.

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